quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mãe


Durante a noite, quando eu acordava assustada você sempre esteve lá com aquele sorriso tranqüilizador me dizendo que não havia nenhum monstro em baixo da cama nem dentro do armário. Segurava minha mão, afagava meus cabelos e tornava a falar: “fica calma, a mamãe está aqui”. Ensinou-me a escovar os dentes e a enfrentar de cabeça erguida os obstáculos que a vida tem a me oferecer, a amarrar os sapatos, me ajudou com as lições de casa... É menininhas precisam de coisas como essas.
Hoje você me acalma nas noites em que não consigo dormir com medo do futuro, medo da incerteza do amanhã. E mesmo com o passar dos anos eu sei que depois de contar meus medos virá àquela singela e reconfortante frase “ “fica calma, a mamãe está aqui”. É, Mãe, a senhora está e sempre estará aqui não importa o que aconteça, e eu sei que você sempre será meus olhos quando eu não conseguir enxergar, na escuridão será a minha luz, e na vida será meu exemplo! Porém, Mãe, há sempre um dia em que a borboleta tem que sair do casulo, ela sai sem saber como ela ficou e com dificuldade de voar, mas com as lições que senhora me deu, não me resta dúvidas de que a borboleta saberá como voar.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O pássaro e o gafanhoto

Pela primeira vez em sete anos, eu parei para analisar toda a minha trajetória nessa “história de amor”, ou de dor, que é como eu prefiro descrevê-la neste momento. Estar ao seu lado sempre foi meu grande sonho, e eu jamais mediria esforços para estar com você; Ser a dona do seu sorriso era uma utopia; preferia a morte ao ter que te ver triste, e se eu pudesse fazer algo que lhe pusesse um sorriso nos lábios, eu o faria. Fiz-me de escudo quando precisou, acolhi todo rancor que assolava seu coração, fui bondosa e compreensiva com todos os seus problemas; Acreditava em tudo o que me dizia; Fiz, literalmente, das tripas coração por ti.
E, agora ao olhar para trás, vejo que o único sentimento que eu posso ter é pena de mim. Que me desgastei de todas as formas possíveis e imagináveis. Nunca nada era suficiente ou merecedor de estar ao seu lado. Sentia – me como uma formiga perto de um gafanhoto, uma formiga bem sonhadora, por sinal, que almejava acordada que esse amor fosse possível. E sabe o que é mais constrangedor citar? Ele sempre foi possível, mas nunca foi querido por ti.
Sempre houveram pessoas tentando me mostrar a realidade, mas não há muito o que fazer quando não se quer enxergar. A única coisa que, de fato, me faria perceber era o tempo. E graças a Deus, ele passou. Fazendo – me perceber que eu nunca fui uma formiga. Eu sempre fui um pássaro! Um pássaro que nunca havia aprendido a voar, um pássaro que nunca tinha saído do ninho. E você, sim, era um gafanhoto preso em sua miudeza.
E cá entre nós, o gafanhoto nunca será capaz de acompanhar o vôo de um pássaro. E quando se aprende a voar e os olhos encantam-se com o brilho do sol, é difícil voltar ao solo sem assustar os insetos, pois agora eles sabem que tenho o conhecimento da minha própria força.